Precisamos tanto de música para viver como ela necessita de nós para estar viva. Vivemos uns dias melhores, outros nem tanto, mas a música segue intacta e cristalina para nos projetar lá mais para a frente, para esses dias onde a possamos escutar em conjunto, entre os nossos mais queridos. 10 escolhas musicais para 10 dias mais.
BONGEZIWE MABANDLA (África do Sul)
A voz de Bongeziwe Mabandla transmite amor e doçura. O artista sul africano canta em Xhosa, língua bantu, e acaba de lançar o disco “iimini”. Fala sobre a paixão, o entusiasmo, a dor e a separação. Conta com a produção do produtor moçambicano Tiago Correia-Paulo.
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TIGANÁ SANTANA (Brasil)
Tiganá Santana compõe músicas para adormecer o tempo. Dez anos após lançar o disco “Maçalê”, o trovador regressa com “Vida-Código”. Conhecido por compor também em kikongo e kimbundu, línguas faladas em Angola e no Congo, respetivamente, Tiganá é um poeta da guitarra e da poesia, lentas. Para quem quiser aliar a música ao vídeo, não percam a colaboração entre o músico e o realizador Vincent Moon.
Escutar: https://bit.ly/3cxUqhV | Tiganá + Vincent Moon: https://bit.ly/3am81Yo
RAVEENA (EUA)
No Hinduísmo a dualidade do deus sol causa por vezes alguma confusão, dividido entre Savitar e Surya. Pois bem, se existe deus sol na contemporaneidade, agora é Raveena Aurora. Faça chuva ou faça sol, ouçam-na.
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SOFÍA CAMPOS (Argentina)
Compõe em castelhano, mas também canta em brasileiro, visto ter passado os primeiros anos da sua vida aí. “Bem Melhor” é um disco repleto de harmonia e foi produzido por Gustavo Guerrero, companheiro de armas da mexicana Natalia Lafourcade. Ouçam-no e o sol dará de si.
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ILE (Porto-Rico)
iLe é conhecida por ter dado nas vistas no grupo Calle 13, mas é agora a solo que renasce para mostrar a voz e a mensagem. “Almadura” é o segundo disco da porto-riquenha, apetrechado de clamores de uma liberdade que parece esvanecer por estes dias.
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LIM KIM (Coreia do Sul)
Saída da caixa do mundo da Korean Pop, Lim Kim vira as costas e explode com o mercado da música sul coreana para afirmar que a mensagem prevalece sob a imagem. “Generasian” é um disco viciante.
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PONGO (Angola)
Quem não se recorda da ex-vocalista dos Buraka Som Sistema a cantar “Wegue Wegue”. Ora esses dias já lá vão longe e agora, Pongo, não mais parará. É certo. O novo EP “Uwa” não deixa dúvidas, e muito menos nos deixa parados.
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ANOUSHKA SHANKAR (Índia)
A virtuosa da cítara, filha de Ravi Shankar, regressa com “Love Letters”, ligeiramente diferente do que é a sua linha discográfica. “Este disco é uma catarse, uma espécie de renascimento”, diz Anoushka. É vosso, para o escutarem.
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CAIXA DE PANDORA
A Caixa de Pandora servirá para resgatar discos antigos, e equilibrar os tempos. Nunca nada é só presente, a vida também é passado.
CAETANO VELOSO “Domingo”, 1967
Nunca é demais ouvir “Domingo” a qualquer dia da semana. Uma lição para os dias de hoje. Caetano e Gal, juntos, são uma dádiva da natureza. Acordar a ouvir, e deitar a escutá-los.
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SOLEDAD BRAVO “Cantos de Venezuela”, 1973
Ouvir a Soledad Bravo é um exercício de encantamento. Como é que existem pessoas a cantar a humanidade na sua plenitude de forma tão fiel? Há uns bons anos, um amigo disse-me: “Quem pode, pode. Quem não pode, bate palmas!” Aceitei.
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Imagem de capa por Mehdi Ghadyanloo (Abstract Loneliness, 2018)