A cidade de Braga, com os seus 2000 anos de história, está repleta de pequenos recantos e pérolas por descobrir. Nesta lista, tentamos reunir algumas sugestões para que os bracarenses explorem a cidade como verdadeiros connoisseurs.
Já agora, se seguir este guia pode deixar a carteira em casa, a única coisa de que vai precisar é uma boa dose de espírito de aventura.
1. Subir o Escadório do Bom Jesus
O funicular em funcionamento mais antigo do mundo, escadórios intermináveis, fontes e estátuas barrocas, envolvidos por um manto de vegetação centenário, onde se acrescenta uma história com génese no séc. XIV; fazem do Bom Jesus do Monte (ou Bom Jesus de Braga) um spot obrigatório a visitar na cidade de Braga.
Subir o escadório até ao santuário não se paga e faz bem à saúde! Este escadório reveste-se de pontos de interesse e de pequenos miradouros sobre a cidade que merecem ser apreciados. Desde logo as pequenas capelas que ilustram a Via-Sacra, fontes de água cristalina que nos vão acompanhando durante a subida, estátuas barrocas e um jardim barroco, no topo do escadório ou Largo do Pelicano, que por si só vale a visita ao santuário.
Chegados ao topo, somos recompensados com uma vista magnífica sobre Braga, que em dias de céu limpo se estende a perder de vista. Aconselhamos que se faça acompanhar da câmara fotográfica, pois não vai querer perder a oportunidade de captar esta perspetiva única da cidade.
2. Visitar o Jardim de Santa Bárbara
Localizado no centro da cidade, junto ao Paço Episcopal de Braga, este jardim eleva-se como um dos principais pontos de interesse em Braga, visitá-lo é gratuito e recomenda-se.
Com uma organização geométrica, que se diz inspirada nos tapetes persas, o Jardim de Santa Bárbara é rico e belo. Canteiros de flores coloridas, bancos em granito que se fundem com o jardim, uma fonte do séc. XVII proveniente do antigo Convento dos Remédios (que ostenta Santa Bárbara no topo), candeeiros de Arte Nova bem conservados e uma arcada ogival reminiscente da Idade Média, são alguns dos elementos que tornam este jardim único.
Para visitar, sentar a ler um livro, almoçar com amigos ou até namorar, consideramos que o Jardim de Santa Bárbara é paragem obrigatória em Braga e torna qualquer passagem pela nossa cidade mais romântica e colorida.
3. Encontrar os Galos da Igreja de Sta Cruz
Uma das estórias mais fascinantes e misteriosas de Braga, é a lenda dos galos casamenteiros da Igreja de Santa Cruz. Ao chegar ao Largo Carlos Amarante, deparar-se-á com uma majestosa igreja barroca, com a fachada toda trabalhada em alto relevo, a Igreja de Santa Cruz.
Existindo como um marco importante do Barroco na cidade de Braga, a Igreja de Santa Cruz “esconde” na sua fachada três galos talhados na pedra em alto relevo, que são figura central de uma lenda popular. Ora segundo reza a lenda, a “moça casadoira” que encontrar os três galos terá casamento assegurado para breve. Embora sejam apenas três galos, a tarefa revela-se difícil e frustrante, sendo esta dificuldade associada a uma prova de vontade que a noiva terá que demonstrar se quiser encontrar noivo.
Já que aqui está, entre na igreja e admire a sua talha dourada e nave imponentes, exemplos únicos dos estilos Barroco e Rocócó a nível nacional.
4. Subir ao miradouro do Sagrado Coração de Jesus
Um dos pontos mais altos do centro da cidade é o Monte de Santa Margarida. No topo do monte e inserido nos terrenos da Universidade Católica, ou seja quase incógnito, existe um miradouro que possui um monumento ao Sagrado Coração de Jesus.
A subida é dura mas compensatória! Aconselhamos que visite este miradouro num dia de sol, para que possa disfrutar de uma visão bastante extensa da cidade e seus limites. A panorâmica de 360º torna este miradouro único na cidade de Braga, encorajando a que se faça bom uso das câmaras fotográficas e até de uma mantinha, para que se demore lá em cima e aprecie.
Assista ao pôr-do-sol deste miradouro e deixe-se embasbacar pela beleza do enquadramento com a as diferentes faces da cidade.
5. Subir a descida da “estrada mágica do Bom Jesus”
Entre o Parque do Bom Jesus e a estrada nacional, que nos leva de volta à cidade ou até ao Santuário do Sameiro, existe uma “estrada mágica”, que não passa de uma rampa na verdade. No entanto, percorrer esta estrada de carro pode colocar as nossas noções de física à prova.
Ao descer a rampa se se deixar o carro descair vamos sentir que, e para nosso espanto, o carro irá subir a mesma, recuando, em vez de a descer. Algo que provoca uma certa incredulidade em qualquer pessoa que experimente fazê-lo.
É daquelas coisas pequenas que nos deixam encantados e nos fazem sentir crianças outra vez, no entanto, e como quase sempre, há uma explicação bastante simples para este “fenómeno” – veja o vídeo aqui. Se quiser continuar a acreditar na “magia”, por favor não carregue no link!
Achamos que esta “estrada mágica” é um cantinho relativamente desconhecido de Braga, que de alguma forma evoca um certo romantismo da nossa meninice, e por isso merece ser visitado.
6. Explorar o Museu da Imagem
Fundado em 1999, numa das torres da antiga muralha medieval, o Museu da Imagem de Braga surgiu com o objetivo de colecionar e preservar uma memória visual que permitisse mostrar a evolução da fotografia e da cidade de Braga. Pode ser visitado durante todo o ano e a entrada é gratuita, mesmo quando se tratam de exposições temporárias.
Este museu detém um vasto espólio de fotografias que remontam aos inícios do séc. XX, provenientes dos arquivos das casas mais antigas de fotografia de Braga, a Casa Pelicano e a Casa Aliança. Consulte o arquivo, vai ver que as horas voam!
Como vizinho do Arco da Porta Nova, o Museu da Imagem tem uma localização privilegiada no coração da cidade. No topo do edifício encontramos um terraço, que em dias de sol é um local perfeito para apreciar a vista do centro da cidade, contemplando a Sé, o Museu dos Biscainhos, o Arco da Porta Nova e o belo jardim do Campo das Hortas. Visite e perca-se no antigamente!
7. Fazer um piquenique nos Biscainhos
Sabia que o Museu dos Biscainhos tem um jardim com cerca de um hectare? Que esse jardim data do séc. XVIII e tem uma tulipeira com mais de 250 anos?
Pois é, em pleno centro histórico da cidade de Braga, este elegante jardim deixará qualquer visitante a coçar a cabeça e a perguntar-se “como é que não vim aqui antes?”. Repleto de esculturas e fontes do período Barroco, este oásis bracarense está dividido em três áreas: o Jardim Formal, o Pomar e a Horta. Sendo também composto por labirínticos canteiros de buxo, exemplarmente bem arranjados, que nos fazem lembrar os jardins daqueles filmes de época em que havia mosqueteiros e reis de peruca.
A nossa dica é que visite este jardim num dia solarengo, leve um bom piquenique, e se deleite com a beleza e serenidade deste espaço.
Mais uma coisa, a entrada para o jardim dos Biscainhos é gratuita, sim de borla. Portanto visite, respire, fotografe, explore e deixe-se levar por este lugar encantador sem que o tempo o incomode.
8. Conhecer a Galeria Mário Sequeira
Se já visitou levante o dedo! Pois, não serão muitos aqueles que se deslocaram até Parada de Tibães e visitaram a Galeria Mário Sequeira, mas prepare-se porque vamos deixá-lo sem desculpas a partir de agora. Com um edifício de arquitetura moderna, que se funde com o terreno e a paisagem envolvente; a Galeria Mário Sequeira foi inaugurada no ano 2000, projetada pelo arquiteto bracarense Carvalho Araújo.
Ao chegarmos à propriedade deparamo-nos com um cenário totalmente modernista e minimalista. Percorrendo os espaços verdes que envolvem a galeria, vamos esbarrar em obras de escultura, tapetes verdes imaculados, árvores autóctones e arbustos impecavelmente tratados; tudo isto com uma certa reminiscência daquilo que seriam os jardins sumptuosos dos palácios franceses do séc. XVII.
No interior da galeria, com 900m2, as exposições vão variando ao longo do ano. Sabia que a primeira apresentação individual de Andy Warhol em Portugal já aqui esteve exposta? Para visitar uma exposição, conhecer um artista ou simplesmente usufruir do edifício e do seu parque de esculturas, recomendamos vivamente que visite a Galeria Mário Sequeira; aberta ao público cinco dias por semana durante todo o ano, com entrada gratuita.
Em forma de bónus, do género leve 2 pague 1, deixamos mais duas dicas!
Assistir a uma procissão na Semana Santa de Braga
A Semana Santa de Braga é, seguramente, a mais imponente do país. Quem já visitou a cidade neste período do ano sabe, com certeza, do que estamos a falar. Ora o culminar das celebrações da Semana Santa são as procissões.
Começando no Domingo de Ramos, existem procissões praticamente todos os dias da Semana Santa. No entanto, a nossa dica vai para a Procissão do Senhor “Ecce Homo”, pela solenidade e cariz dramático. Num cortejo soturno, a presença dos Farricocos com as suas ruidosas matracas e fogaréus em chamas tornam esta procissão uma experiência impactante e única.
As procissões decorrem pelas ruas do centro histórico da cidade e reunem pessoas de todos os cantos da Península Ibérica num evento de cortar a respiração.
Descer a Avenida da Liberdade na noite de São João
A noite de São João possibilita a descida da principal avenida da cidade a pé e sem trânsito. São milhares e milhares de pessoas que se deslocam para Braga, na noite de São João, para assim celebrarem a maior romaria da cidade, percorrendo toda a noite as suas ruas principais.
Uma das mais praticadas tradições desta romaria é descer e subir a Av. da Liberdade a pé, de martelinho na mão. “Martelar“ o maior número de cabeças possível faz parte da tradição, ao mesmo tempo que evitamos que acertem na nossa. É uma “batalha”!
O ruído dos martelinhos torna-se ensurdecedor e os martelos são mais que muitos, no entanto todo este folclore dá cor e diversão à festa. Não se esqueça que se for “martelado” faz parte da tradição, não vale levar a mal.
Obrigada pela partilha. Espero que futuramente hajam ainda mais coisas para fazer nesta ou noutra lista.
Um excelente conjunto de sugestões muito diversificadas, mas todas interessantes. A borla das visitas ao Mosteiro de Tibães aos domingos de manhã também merece ser considerada.
Parabéns!