Braga e a Universidade do Minho – de portas abertas para o mundo

Universidade do Minho

Num destes dias quentes de julho, encontrei o meu amigo João a liderar o seu grupo de turistas pelas sempre maravilhosas ruas de Braga. Já não nos víamos desde um célebre jantar de amigos em 2010, nas vésperas da minha partida para Moçambique. A alegria do reencontro, nove anos volvidos, foi imensa. De tal forma, que corri para ele, chamando pelo seu nome de braços abertos, num grito de alegria… Os turistas debandaram, presumo até que lhes causei algum constrangimento (desculpa João, mas a intenção foi a melhor), já o abraço, esse, foi recíproco, num misto de surpresa e saudade.

Arcada Universidade do MinhoAvenida da Liberdade

Conhecemo-nos há 20 anos, quando ambos iniciámos o nosso percurso académico na Universidade do Minho, nesta mesma cidade, Braga, em cujas fontes demos de beber a sonhos e projetos de um futuro que se queria meritoriamente grandioso. Hoje em dia, cada um a seu modo, continuamos a fazer da História a nossa paixão e o nosso, algumas vezes bastante sofrido, “ganha pão”. Convidou-me, logo ali, para com ele fazer a visita seguinte da sua atual “menina dos olhos”, a Minho Free Walking Tours, de forma a conhecer mais proximamente este projeto que tanto me intrigava. E, apesar de estar acompanhada e de aquele ser também o meu dia de partida da cidade, aceitei de imediato, deixando o encontro marcado para as 15h no Arco da Porta Nova.

Jardim de Santa Bárbara Universidade do Minho

A visita começou pelas ruas da cidade e com ela, embalada pelas histórias que fazem a História de Braga na voz do seu melhor anfitrião, fui recuando no tempo. Eu que africanista me confesso, e que tenho a admitir muitas lacunas no meu conhecimento sobre a história local. Portanto, qual aluna bem-comportada e com muita sede de saber, fui ouvindo de quem sabe. Paulatinamente fui relembrando o que aprendi nas aulas do curso de História, na Universidade do Minho, o que me permitiu acompanhar o discurso do meu guia de uma forma muito mais pessoal e com um olhar intimista sobre esta cidade que também me habituei a pensar como minha e, onde, por mais voltas que dê no globo terrestre, me sinto sempre em casa.

Arco da Porta Nova Universidade do Minho

Braga cresceu e com ela a Universidade do Minho, uma não se destaca da outra, através de um olhar que se perde na distância 20 anos, pude-me aperceber que este foi um crescimento simbiótico, que se respira nas ruas da cidade, mas também nas pessoas. Não há uma Braga dos estudantes e outra da população trabalhadora no geral, existe, sim, uma Braga, herdeira orgulhosa de um passado de 2000 anos, que não repele a sua história, nem as suas tradições. Mas que graças à Universidade do Minho, pode trazê-las para o presente, indo para lá do conceito de museu a céu aberto, criando antes um novo paradigma de identidade transversal aos usos, costumes, tempos e ideologias. A Universidade do Minho nasceu com a mudança de regime e, qual filha da liberdade, tem vindo a permitir aos milhares de jovens que por ali passaram, e continuam a passar, planear um futuro e desenhar novos desafios numa dialética constante entre realidade, sonho e conquista de novas fronteiras.

Sé Universidade do Minho Palácio do Raio

Dividida entre dois campus, em duas cidades diferentes, Braga e Guimarães, afastando-se de querelas bairristas e carinhosamente chamada UMinho, a Universidade do Minho tem vindo a crescer continuamente, impondo o seu nome no país e no estrangeiro, unindo toda uma região e projetando-se além-fronteiras. Mais do que um projeto de ensino, este é um ideal de futuro e desenvolvimento que faz qualquer aluno, ou ex-aluno, dizer orgulhosamente que fez parte desta dinâmica, desta universidade, destas cidades e desta região. Uma vez Universidade do Minho, para sempre com o tricórnio no coração.

Parque Desportivo da Rodovia

Mas, a voz do João faz-me regressar das recordações, fazendo-me ainda sentir profundamente, mais uma vez, Braga, já que esta é a cidade da eterna porta aberta, dos arcebispos, da Universidade do Minho, mas, sobretudo, das pessoas, brindando-nos todos os dias com um afresco humano a um tempo pitoresco e cosmopolita, muito difícil de encontrar noutras paragens. Não terminei a visita, não consegui… O avião não esperava por mim e fui obrigada, muito a contragosto, a deixar o meu momento de agradável regressão no tempo a meio.

Arco da Porta Nova Bom Jesus Universidade do Minho

Dois meses passaram e, num destes fins de semana de calor com que setembro nos brindou, antes que o tempo fugisse e na mesma companhia, qual aluna bem-comportada e sedenta de saber, voltei a dirigir-me à hora aprazada ao Arco da Porta Nova. Apesar de ainda não o saber, voltava a esperar-me o João para completar a minha visita guiada à intercessão entre o passado do país e o futuro que todos nós queremos para a antiga e insigne cidade de Bracara Augusta.

Braga Universidade do Minho


Artigo escrito por Catarina A. Costa para a Minho Free Walking Tours

 

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