O trajeto das Minho Free Walking Tours, em Braga, privilegia sobretudo o centro histórico da cidade. Quando foi estruturado pretendeu-se facultar a quem nos visita, e não só, passagem nalgumas das ruas mais pitorescas e icónicas da nossa urbe. Entre estas destacam-se, no nosso roteiro, a Rua da Violinha e a Rua Nossa Senhora do Leite.
A primeira faz a ligação entre o Largo da Praça Velha e a Rua D. Paio Mendes. A designação “violinha” resultará de uma possível alteração, através de uso popular, da denominação “vielinha”. Durante algum tempo era conhecida popularmente pela rua das “galinheiras” já que aí se criavam galos, galinhas e perus, os quais andavam livremente pela rua…
Há quem afirme que o actual nome da Rua da Violinha estaria relacionado eventualmente com o fabrico dos populares cavaquinhos que ocorreria em algumas casas da referida rua… O que sabemos é que se trata da rua mais estreita da cidade e que os turistas têm por ela uma especial dileção. Na verdade, a passagem nesta rua irregular resulta num momento de curiosa animação! Principalmente quando o guia convida os turistas a esticarem os braços para tentarem tocar nas fachadas dos edifícios. O que não é difícil, já que a mesma é bastante exígua! A animação continua quando se afirma que nesta rua as pessoas costumavam cumprimentar-se através das janelas já que se situam muito próximas. Para além disso, o facto de se ver constantemente a roupa a secar nas cordas junto às janelas, confere-lhe um aspecto pitoresco muito apreciado pelos turistas.
Nos primórdios da urbe bracarense a Rua da Violinha era mais larga. As casas aqui construídas eram foreiras do Cabido. Nos últimos séculos, em tempos de paz, as muralhas perderam o seu carácter defensivo e foram autorizadas construções adossadas aproveitando as estruturas das mesmas. Ainda é visível na Rua da Violinha um pano da muralha fernandina, que na sua construção aproveitou restos da muralha romana e cujas ruínas por lá se detectam.
O trajecto das Minho Free Walking Tours contempla também a passagem e indispensável paragem na Rua Nossa Senhora do Leite. Depois do Rossio da Sé, inflete-se para a esquerda e deparamos-nos com a cabeceira da Sé Catedral. Esta rua era anteriormente conhecida por Rua das Oussias por aí se terem encontrado vestígios de uma necrópole.
A rendilhada abside da Sé resultou de um notável trabalho no duro granito da região. Este trabalho em cantaria é atribuído aos artistas biscainhos que foram contratados pelo arcebispo D. Diogo de Sousa aquando das obras de remodelação da capela do altar-mor da Sé no século XVI. Neste momento, os turistas levantam as cabeças e deliciam-se com a verticalidade do monumento de onde sobressaem os pináculos, os coruchéus, as gárgulas e o entrecruzado da balaustrada flamejante.
Mais em baixo, entre os brasões de D. Manuel I, rei de Portugal e o de D. Diogo de Sousa, arcebispo, vemos colocada sobre uma peanha com armas do arcebispo a cópia da imagem de Nossa Senhora do Leite. É curioso que os brasões se apresentem lado a lado e com a mesma dimensão, o que atesta a importância do prelado que era respeitado como se um soberano se tratasse. Na base verificam-se as marcas de um antigo oratório que posteriormente se removeu.
Na primeira rua os participantes podem divertir-se um pouco com o pitoresco da evolução urbanística, na segunda, podem deslumbrar-se com a beleza artística da abside da Catedral mais antiga de Portugal! Este é o encanto das Minho Free Walking Tours.
Este artigo foi escrito pela Minho Free Walking Tours