Instalações imersivas no Palacete Júlio Lima

Há uma exposição de instalações imersivas a decorrer no Palacete Júlio Lima até ao dia 8 de outubro. O We Braga foi explorar e descobrir mais sobre a história do Palacete e do contexto desta exposição. Aconselhamos a visita, a miúdos e graúdos!

Mas, antes de mais, impõe-se a evocação de Júlio Lima.

Júlio Lima foi um benemérito da cidade de Braga. A sua generosidade e o seu amor pela comunidade bracarense são evidentes pelo legado que deixou, ainda hoje recordado pelos bracarenses com grande respeito e consideração.

Natural de Arcos de Valdevez, chegou à cidade de Braga com apenas 12 anos para trabalhar como operário na casa de Domingos José Gomes, onde exerceu a sua profissão durante longos anos. Aos 39, herdou a Fábrica Nova da Romeira – uma fábrica de fiação e tecidos que pertencia aos seus tios, em Alenquer. Tirando proveito da sua vasta experiência na confeção, venda e exportação de tecidos, Júlio Lima decidiu inaugurar a sua própria fábrica, destinada à produção de chapéus. Chamava-se A Industrial e estava situada no “bairro chapeleiro” – a Rua D. Pedro V. Esta fábrica chegou a empregar mais de cem trabalhadores e a produzir mais de 4.000 chapéus em 48h.

Júlio Lima construiu escolas em várias freguesias do concelho, financiou várias atividades sociais, deu trabalho e alimento a centenas de pessoas. Desde instituições sociais, aos reclusos, a pessoas mais desfavorecidas em geral, muitos são os que beneficiaram da sua atividade filantrópica.

 

O palacete e um breve contexto da exposição

O Palacete Júlio Lima é um dos edifícios arquitetónicos mais reconhecidos em Braga. Mandado erguer em finais do século XIX, pelo próprio Júlio Lima, é um projeto de Moura Coutinho.
Embelezado com sete colunas de estilo romano e com vários elementos pitorescos, foi classificado como Bem Cultural de Interesse Municipal pelo Município de Braga em 2018. Uma obra de arte imponente, majestosa e intemporal.

Por volta da década de 50, contam os fregueses que quando faltava a água na rua, fazia-se fila no passeio junto ao Palacete para serem suprimidas as necessidades dos menos abastados. Um ato de filantropia de Júlio Lima, que nesta exposição se materializa na partilha da água e do amor pelo próximo.

A exposição emprega uma variedade de instalações imersivas que usam o mínimo de água, desafiando as representações tradicionais deste elemento da Natureza e incentivando os visitantes a envolverem-se com o conceito de maneiras diversas e inesperadas. A direção artística ficou a cargo de Kristoff D’oria di Cirie.

 

A visita à exposição

Fomos visitar a exposição, a convite da organização, e o feeling geral é muito positivo. Primeiro, porque é uma iniciativa que apreciamos ver em Braga, uma forma de abrir as portas aos jardins de um palacete que há muito a cidade quer descobrir. Depois, pela forma como o tema da exposição é feliz na tradução para a atualidade do contexto histórico do palacete e da sua relação com a cidade.

O percurso é composto por 17 instalações – ou “estações”, no léxico escolhido pela organização – com temáticas próprias e interações distintas. Umas mais apreciativas e de fruição, outras mais interativas, todas são devidamente contextualizadas no tema e objeto da exposição. A meio do percurso, existe uma zona de bar, com uns puffs e umas cadeiras de jardim, onde os visitantes podem refrescar-se e descansar num relvado amplo com música ao ar livre.

Fica apenas a sobrar aquela vontade de explorar o interior do palacete – toda a exposição decorre ao redor do edificado, nos jardins – mas foi-nos dito que, por razões de logística e da segurança dos próprios visitantes, teve de se optar por esta solução de exterior. Resta-nos assim a possibilidade de explorar os recantos da propriedade e desfrutar do encanto natural do palacete, no que toca ao seu exterior.

Vale bem a pena a visita, aconselhamos apenas a escolher dias mais frescos ou optar pela visita a uma hora do dia em que o calor não seja tão intenso.

A exposição é aberta para todas as idades, todos os dias da semana, entre as 15h e as 23h. O preço dos bilhetes começa nos 8€.

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