O fascínio dos turistas pela Fonte do Dragão “voador”

Fonte do Dragão

Um dos monumentos que mais chama a atenção aos participantes das Minho Free Walking Tours é a Fonte do Dragão, situada defronte do Jardim de Santa Bárbara. Quase sempre, depois dos grupos de turistas deambularem pela bela composição geométrica de canteiros floridos do jardim, o seu olhar prende-se àquela escultura fantástica. As objectivas das máquinas fotográficas, após vários disparos no jardim, voltam a entrar em acção.

Fonte do Dragão

Concordamos que não serão apenas os turistas, até os habitantes locais se questionam sobre a origem e significado do monumento fantasioso que parece ganhar vida com a projecção de jactos de água.

Na verdade, explicam muitas vezes os guias, a escultura da Fonte do Dragão esteve já para ser removida daquele lugar, todavia permanece ali perante o olhar curioso de quem passa na rua Justino Cruz. A obra, feita em ferro, demorou cerca de três anos a ser concluída e é da autoria do artista Aureliano Aguiar. Este seu trabalho venceu o prémio artístico “Utopia 2009” – Núcleo Português de Arte Fantástica.

Coimbra recebeu a visita da escultura da Fonte do Dragão, em 2011, no âmbito da FIARTE – Feira Internacional de Artes. Por lá ficou no Parque Verde até se ter tornado mascote, no ano seguinte, do reconhecido Fantasporto – Festival Internacional de Cinema Fantástico do Porto. A organização deste festival afirmava aquando da inauguração daquele certame que “a peça foi escolhida porque está ligada aos celtas e que aparece em muitas cenas da literatura medieval, neogótica e renascentista. É também uma personagem muito recorrente no cinema fantástico”.

Fonte do Dragão

Um ano depois o dragão “voa” para Braga no âmbito de um projecto de Street Art e na Cidade dos Arcebispos fixou-se até hoje, tornando-se uma das peças mais fotografadas por quem visita a cidade. Também os nossos participantes nas visitas guiadas interrogam os seus cicerones sobre a génese daquela obra e o seu significado para a cidade. Naturalmente não é fácil para um guia explicar o seu significado porque, como se sabe, ela não foi sequer concebida para se instalar em Braga. De facto, a obra não foi encomendada por ninguém para lado nenhum, tratou-se apenas e só resultado da imaginação do autor. Como tal, a mensagem contida na obra depende da liberdade interpretativa de quem a contempla.

Contudo, é por várias vezes associada a imagem do dragão aos suevos que, quando invadiram a Península Ibérica no século V, se instalaram na antiga província romana da Galécia e fundaram um reino. A cidade de Braga foi a escolhida para sua capital e assumiu grande protagonismo político e religioso num reino que muito cedo se converteu ao cristianismo através da acção de S. Martinho de Dume. Ainda hoje é visível no carácter metropolita da sua que é primaz entre as dioceses do noroeste peninsular.

Sé de Braga

O dragão verde era um dos símbolos dos suevos e, como tal, por vezes, os guias fazem analogia entre esta figura representativa do ancestral domínio suevo e a escultura controversa que ornamenta o espaço urbano bracarense. É controversa porque não deixa os transeuntes indiferentes, havendo quem a aprecie e quem a menospreze. Os comentários de alguns turistas portugueses são muitas vezes irónicos já que não conseguem dissociar a imagem do dragão do símbolo do FC Porto, um dos rivais do clube da cidade, o SC Braga… Este é, desde logo, um excelente pretexto para se mudar de tema no âmbito da visita guiada, agora não relacionado com a história e património da cidade e falar-se mais ou menos apaixonadamente sobre futebol. Como não poderia deixar de ser, também de assuntos futebolísticos são preenchidas as animadas Minho Free Walking Tours!

Fonte do Dragão

Foto retirada da página de Instagram da @sonia.vestias


Este artigo foi escrito pela Minho Free Walking Tours

 

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