O Cinema no Pátio continua a explorar linhas temáticas que atravessam diversas correntes e tempos da História do Cinema, apresentando a singularidade da linguagem cinematográfica no contexto das artes. A edição deste ano parte de uma pergunta com incontáveis respostas: o que faz de um clássico um clássico? Da matéria à forma, da técnica ao espírito, vários são os atributos com os quais o tempo e o modo — aos quais se junta o velho princípio cinéfilo ‘ver, rever, ver outra vez’ — ajudam um filme a definir-se como tal, a inscrever-se no nosso imaginário e no imaginário do próprio cinema. Quatro possibilidades se apresentam então: a vertigem das imagens e da montagem numa incontornável sinfonia de cidade com O Homem da Câmara de Filmar (Dziga Vertov, 1929); a força cinematográfica da sonoplastia de O Carteirista (Robert Bresson, 1959), a adaptação como reinvenção (Macbeth por Kurosawa) em O Trono de Sangue (1957) e a representação do incomunicável em A Noite (Michelangelo Antonioni, 1961). – por Eduardo Brito
Um escritor é confrontado com a desilusão da mulher na sua relação. Entre o lado escuro dos personagens e a ligeireza das festas que por lá há, A Noite é o grande filme de Antonioni sobre a arquitetura moderna, sobre os silêncios e ruídos urbanos, sobre o maneirismo plástico dos interiores, sobre a tensão das linhas que os ligam aos personagens e a tensão da câmara como hábil manipuladora dessas linhas.
Classificação etária m/12