Não se trata da força telúrica das montanhas ou de ataques de zombies, mas talvez de algo mais: formas que o cinema encontra para representar qualquer coisa que se sente, para além do que os sentidos apreendem.O Cinema no Pátio deste ano dá a conhecer quatro propostas que estão, às voltas entre o natural e as metáforas, entre a paisagem e as revelações. Fevereiro (Kamen Kalev, 2021) fala-nos de uma poética do tempo e dos rituais no tempo; Memória (Apichatpong Weerasethakul, 2022), dos insondáveis mistérios da existência (onde o espectador se torna escutador); Feliz como Lázaro (Alice Rohrwacher, 2018) do isolamento, da bondade e da exploração; e Trinta Lumes (Diana Toucedo, 2019), do esquecimento e da morte como passagem.
Por Eduardo Brito
Memória
Apichatpong Weerasethakul · Colômbia, Tailândia, França, Alemanha, México, Qatar, Reino Unido, Estados Unidos da América, China, Suíça · 2021 · drama · 136’ · m/12
com Tilda Swinton, Agner Brekke, Daniel Giménez Cacho, Jerónimo Barón e Juan Pablo Urrego
Jessica, uma cultivadora de orquídeas escocesa, está na Colômbia a visitar a irmã doente. Nesta viagem, torna-se amiga de Agnes, uma arqueóloga francesa que estuda vestígios humanos com seis mil anos, descobertos na construção de um túnel na cordilheira dos Andes. Junto a um rio, encontra Hernan, um pescador com quem partilha memórias. E todas as noites é incomodada por estrondos que não a deixam dormir, e que aparentemente só ela ouve.