Toda a discriminação constrói-se através de uma ideia de diferença, o que conduz à questão: diferente de quem? Esta ideia é imposta pelo seu referente, o normativo — no caso português, o sujeito branco. A discriminação racial constitui uma das mais ignorantes construções sociais da humanidade, com os resultados ignóbeis, históricos e contemporâneos, que se conhecem. Este é um ciclo de conversas e cinema que partem do trauma do outro diferente, da “antítese” inventada sobre o qual este se define, e que o dão a ver, que o explicam, que o debatem. O tempo que vivemos torna este ciclo imperativo: está na hora de falarmos sobre este preconceito, das suas formas subtis às mais descaradas, da sua história aos dias de hoje. Está na hora de não ficarmos quietos.
O ciclo de conversas e cinema De que falamos quando falamos de racismo é programado por Marta Machado e Eduardo Brito.
Posto avançado do progresso
Realizado por Hugo Vieira da Silva / com Nuno Lopes, Ivo Alexandre e David Caracol / Portugal, Angola / 2015 / 120 min / cor
No final do século XIX, dois colonizadores Portugueses, imbuídos de uma vaga intenção civilizadora desembarcam numa parte remota do Rio Congo para coordenar um posto comercial. À medida que o tempo passa, começam a desmoralizar pela sua incapacidade de enriquecer à custa do comércio de marfim. Sentimentos de desconfiança mútua e mal-entendidos com a população local isolam-nos no coração da floresta tropical. Confrontados um com o outro iniciam uma caminhada em direção ao abismo.
Classificação etária m/16 anos