‘A imagem de pessoas que se libertam das suas amarras (sociais e psicológicas), na procura de um novo sentido para si no mundo, foi o que nos pareceu estarmos a perseguir nesta nossa nova criação, e sempre, no caminho de 25 anos do Útero que se celebram este ano. Procurámos esse lugar singular (no Útero) que aliamos a um autor, que caminha livre na procura de si. Neste caso, semelhante a Hamlet. Isoladas sobre si, as pessoas caminham sozinhas, numa ilusão de pertencer a um todo que felizmente nunca conhecerão na totalidade. O que faz as pessoas caminharem sozinhas a questionar o seu sentido no mundo? Nesse sentido há sempre um lugar de proximidade com um peregrino. Que com fé persegue o seu sentido e centro num mundo que desconhece.
No título que acrescentámos à peça também podemos descortinar os legados que se multiplicam em muitos sentidos L´Ange du Bizzarre é o título de um livro de Edgar Alan Poe e de uma exposição que vimos em Paris que muito influenciou a nossa peça “Pântano”… No mundo contemporâneo, tudo ganha novos sentidos, a cada novo dia. Vindo de estilhaços do que vamos vivendo e pelos lugares que vamos passando.
Descobrimos que o planeta embora geograficamente finito, terá sempre novos lugares que nunca vamos compreender totalmente e por isso iremos procurar sempre novos sentidos. “Hamlet” será sempre uma obra literária que iluminará os nossos dias mais sombrios, onde sem destino, procuraremos descobrir o que nos faz estar aqui, amarrados ao espanto da vida.’