‘Drowning World’ é a minha tentativa de explorar a nossa emergência climática global de uma forma íntima e sistemática, para mostrar que os efeitos das alterações climáticas ignoram todas as fronteiras de riqueza, classe, raça e geografia.
O coração do projeto é uma sequência de ‘Submerged Portraits’. Os meus retratados dispuseram de algum tempo — numa situação de grande aflição — para se envolverem com a câmara, olhando para nós a partir das suas casas inundadas e ambientes devastados. Nesta troca, não são vítimas destituídas de poder: demonstram capacidade de ação no meio da calamidade que se abateu sobre eles.
A íntima abordagem de Gideon Mendel à criação de imagens e o compromisso com projetos de longo prazo empenhados socialmente têm merecido reconhecimento internacional. Nascido em Johannesburgo em 1959, Mendel começou a sua carreira como fotógrafo de notícias e de luta documentando os últimos anos do apartheid. A sua experiência marcou-o profundamente, e subsequentemente o seu trabalho tem-se envolvido com as questões essenciais que a sua geração enfrenta. Em 1991 mudou-se para Londres, e continuou a envolver-se com problemáticas globais, como o VIH/SIDA. Desde 2007, utilizando fotografias e vídeo, Mendel tem trabalhado no Drowning World’, um projecto artístico que advoca a sua resposta pessoal à nossa crise climática. O seu trabalho tem sido largamente publicado em revistas e jornais como o National Geographic, Geo e o Guardian Weekend. As suas imagens têm sido usadas em protestos climáticos enquanto que as suas fotografias; instalações e peças de vídeo cada vez mais apresentados em contexto de galerias e museus, e por vezes apresentadas em espaços exteriores invulgares. Mendel recebeu o prémio inaugural da Jackson Pollock Prize For Creativity e o Greenpeace Photo Award. Foi selecionado como finalista do Prix Pictet em 2015 e em 2019, e também recebeu o Eugene Smith Award for Humanistic Photography, o Amnesty International Media Award, e seis World Press Awards. Nos últimos anos Mendel expandiu o seu trabalho sobre aquecimento global de forma a incluir o elemento do fogo com o projecto Burning World. Na sua prática atual continua, sempre que possível, a desenvolver projectos sobre situações de catástrofe climática, tal como as inundações de 2022 no Paquistão a par com um novo envolvimento com o seu arquivo familiar, onde reflecte sobre o trauma da fuga dos seus pais da Alemanha nazi.