Os Saami — último povo indígena da Europa espalhado pela Finlândia, Suécia, Noruega e Rússia — perderam a sua autonomia em território russo com a chegada do poder soviético, na década de 1920. Essas pessoas, que viviam principalmente do pastoreio de renas na tundra, foram forçadas a viver em apartamentos. Os Saami, filhos da natureza, ficaram deprimidos com a ideia de perder os seus ritmos ancestrais e de serem encurralados. A principal aldeia Saami — Lovozero, estava localizada na Península de Kola, no interior da cidade de Murmansk, onde estavam reunidos, e era considerada reserva. Fixaram-se aqui para trabalhar em colcoses, e perderam o direito de ser Saami: a prática da língua e o uso de trajes tradicionais eram proibidos. Hoje, cerca de 1.500 pessoas ainda vivem na Península de Kola, mas apenas 200 falam a língua Saami e são principalmente idosos. Orgulhosos das suas tradições intangíveis, essas pessoas esforçam-se para preservar as suas práticas ancestrais enquanto se adaptam à modernidade e ao aquecimento global na região do Ártico.
Natalya Saprunova, nascida em Murmansk na Rússia, é uma fotógrafa documental com base em Paris. Começou a trabalhar como professora de francês e fotojornalista para um jornal diário em Murmansk, depois estudou fotojornalismo documental em Paris. Atualmente Natalya ensina fotografia na escola Graine de Photographe em Paris e faz reportagens documentais. Os seus tópicos são a transformação da sociedade, o ambiente, a identidade, a juventude, a espiritualidade e a feminilidade. Natalya é membro da agência fotográfica francesa, Zeppelin.