O que guardavam os livros é precisamente a última camada de memória e arquivo desta exposição: objetos que se revelaram ao folhear estas páginas, e que terminam de contar a história dos livros. Para além de abundante poesia e prosa em folhas soltas, encontramos lembranças das viagens. Dentro destes livros guardava-se o bilhete de entrada nesse local de amor, assim como fotografias, postais enviados e não enviados, esquissos de museu, bilhetes com moradas de escritores a quem desejava escrever (?), como Ramos Rosa, Alberto de Lacerda, Amos Oz, ou o telefone de Luís Miguel Cintra inscrito numa cópia de Hamlet. Encontramos uma carta escrita a Jorge de Sena que nunca chegou a enviar, assim como outras que recebeu. Fotografias, recortes, bilhetes de boas-festas, em suma, fragmentos de toda a vida. No fim de 2019, estes achados juntar-se-ão ao espólio que se encontra na Biblioteca Nacional de Portugal, onde poderão ser devidamente catalogados e interpretados. Até lá, acrescenta-se um ponto à história de Sophia através dos livros. Realizada a partir da biblioteca pessoal de Sophia de Mello Breyner Andresen.
Conceção da Artista Russa Oxana Ianin | Curadoria: Martim Sousa Tavares