O Festival Política regressa, de 4 a 6 de maio, ao Centro de Juventude de Braga, tendo a Pós-democracia como tema central. São três dias de cinema, performances, música, humor, exposições, visitas guiadas e debates centrados na defesa do sistema democrático e na promoção da cidadania, intervenção cívica e direitos humanos. Aqui fica a programação para o dia 4 de maio.
Atividades para maiores de 12 anos, salvo indicação em contrário.
Dia 4
17h30
Inauguração das exposições
Vários espaços. “Direitos Humanos pelo Olhar dos Jovens de Hoje”, “Institucionalizado”, “Revelação” e “AI: A Nova Era do Conhecimento”. Com interpretação para Língua Gestual Portuguesa (LGP).
18h
“A gente só existe porque se reinventa”: a criatividade fundamental à experiência brasileira em Portugal — conversa
1º piso – sala de convívio. Gessica Borges, mulher negra, académica e ativista, convida Rodrigo Ribeiro Saturnino aka ROD, pesquisador e artista visual, para uma conversa sobre as nuances da experiência imigrante em Portugal. Com interpretação para LGP.
18h30
Oficina de Criação Musical
1º piso – sala 4. Marta Moreira propõe uma oficina de Criação Musical onde todos (e absolutamente todos) são chamados a criar música, a partir dos recursos do quotidiano. Neste laboratório não é necessário saber tocar um instrumento ou sequer saber cantar: aqui o mote é descobrir a força criativa do grupo, partilhando uma música mais afetiva e mais sintonizada com o que cada um é. Inscrições: participa.politica@gmail.com. Com interpretação para LGP mediante solicitação prévia
19h
Sessão “Especial Brasil” — cinema + conversa
1º piso – sala convívio. Após a exibição das duas curtas segue-se uma conversa com Kitty Furtado, investigadora do projeto MigraMediaActs, da Universidade do Minho.. Com interpretação para LGP.
“Seremos ouvidas”, Larissa Nepomuceno, 13’ (Brasil)
Como existir numa estrutura sexista e ouvinte? Gabriela, Celma e Klicia, três mulheres surdas com realidades diferentes, partilham as suas lutas e trajetórias no movimento feminista surdo.
“Paulo Galo: Mil faces de um homem leal”, Iuri Salles e Felipe Larozza, 19’ (Brasil)
Paulo ‘Galo’ Lima ganhou destaque com o movimento dos entregadores antifascistas e, em 2021, foi preso após a ação que ateou fogo na estátua do Borba Gato, em São Paulo. Para ele, ‘faltou tempo’ dentro da cadeia. Conheça a verdadeira história de Galo.
21h30
“Alcarràs”, de Carla Simón, 120’ (Espanha e Itália) – cinema
Auditório. Há já três gerações que a família Solé sobrevive do cultivo de pessegueiros na pequena cidade de Alcarràs (Catalunha, Espanha). As suas vidas, até aí pacatas, mudam quando recebem uma notificação do senhorio que lhes dá até ao final do Verão para abandonar a terra. O proprietário dos terrenos tenciona arrancar todas as árvores para que ali possa ser feita a instalação de painéis solares. Essa notícia vai abalar todos os elementos da família que, apesar de muito unidos, têm formas diferentes de abordar o futuro ou de encontrar novas formas de sustento. Essa insegurança, vai dar origem a desavenças difíceis de gerir. Filme exibido em parceria com o Gabinete do Parlamento Europeu em Lisboa. Antes da sessão será feita a evocação do vencedor do Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento 2023: o corajoso povo da Ucrânia.
Dia 5
16h
Human Power Hub — visita guiada
Ponto de encontro: Rua de São Domingos, nº 94B. O Human Power Hub é um projeto que presta apoio à aceleração e incubação de ideias empreendedoras orientadas para o impacto social, envolvendo cidadãos, organizações da sociedade civil, instituições públicas e comunidade empresarial. Sediado no Seminário de Nossa Senhora da Conceição, próximo do Centro de Juventude de Braga, abre as portas ao Festival Política para uma visita guiada. Uma oportunidade para conhecer por dentro o projeto e outras iniciativas de inovação social. Com interpretação para LGP mediante solicitação prévia através do e-mail participa.politica@gmail.com.
18h
“Será o empreendedorismo uma nova forma de ativismo e participação cívica?” — conversa
1º andar – Sala Convívio. Uma conversa sobre empreendedorismo social e projetos que, de facto, têm um impacto positivo na sociedade. A importância do empreendedorismo social como ferramenta para solucionar problemas sociais. Uma oportunidade para inspirar e motivar outros empreendedores sociais em potencial tendo como ponto de partida um projeto de inovação na área da música. Uma conversa conduzida por Carlos de Sousa Santos (Human Power Hub), com a participação de Cláudio Bastos, promotor do projeto Humble Bee Studios. Com interpretação para LGP.
18h30
Cara-a-cara com os/as deputados/as
Receção. Encontro entre cidadãos e deputados/as representantes dos partidos com assento na Assembleia da República. Durante cinco minutos, os participantes inscritos conversam individualmente com cada deputado/a sobre um tema, dúvida ou questão. Inscrições através do e-mail: participa.politica@gmail.com. Com interpretação para LGP mediante solicitação prévia.
18h30
Oficina de Fala Performativa
1º andar – sala 4. Elaine Vianna leva-nos à descoberta do que se esconde pelo universo poético, libertando a poesia que trazemos dentro agrilhoada. Abordando diferentes técnicas e recursos expressivos para a voz falada, e ao mesmo tempo reforçando diferentes competências performativas. Nesta oficina ocupamos o palco com a força da poesia falada, mas esse é apenas o ponto de partida: a meta desta exploração só a saberemos depois. Inscrições através do e-mail: participa.politica@gmail.com. Com interpretação para LGP mediante solicitação prévia.
18h45
Humble Bee Studios — DJ
Terraço. Humble Bee é um estúdio de música, hub criativo e projeto de impacto social. É também um coletivo de produção musical, que se foca em apresentar soluções sonoras aos projetos musicais nos quais se envolve. O estúdio nasceu em dezembro de 2021, no pico da pandemia, pelas mãos dos seus fundadores e sócios: Cláudio Bastos aka B Quest e Hugo Martins aka Cálculo. No primeiro ano o projeto foi incubado no Human Power Hub. Agora vai animar o fim de tarde do Festival Política.
19h
Sessão “Portugal ao espelho” — cinema
Auditório
“O Rapaz Que Pensava Demais”, Miguel Santos Leonardo, 4’
Um rapaz do mundo moderno vive incapaz de sobreviver dentro da sociedade. Criticando a sociedade atual vive no mesmo paradigma fechado e isolado no seu quarto. Feito um desistente no nosso Planeta Terra durante a pandemia.
“Indefinível”, Bernardo Seixas, 8’
Um manifesto sobre arte pelos olhos de quem a faz. Os questionamentos sobre arte são vários. Numa tentativa de pensar sobre estas questões, um grupo de artistas reflete sobre esses temas enquanto acompanhamos a sua arte em desenvolvimento.
“Nha Fidju”, Diogo Moreira Carvalho, 5’
Um filho sem a mãe, uma mãe sem o filho. Um problema de gerações de afrodescendentes, o seu direito a uma família e a uma casa.
“Que mundo, português?”, António Limpo, 10’
A Exposição do Mundo Português, nesse Portugal grandioso e verdadeiramente pequeno, na hipnose do fascismo e analfabetismo vigente. Do Portugal perfeito ao Portugal imperfeito. Algures entre a Ilusão e a Alheação, que mundo este, português?
“Are We Punks Or Not?”, Telmo Soares, 20’
Nasceram para serem artistas e recusam-se a aceitar que as limitações com que nasceram possam parar os seus sonhos. Com mais de 25 anos como banda, com ensaios semanais, mais de 200 concertos (principalmente em instituições e eventos de inclusão social), houve mudanças no grupo por questões de saúde de alguns membros mas sempre a sonhar com a participação plena como banda.
21h30
JP Simões, “Canções de José Mário Branco e Outras Cantigas” — concerto
Auditório. Em “Canções de José Mário Branco”, JP Simões presta uma sentida homenagem a José Mário Branco, uma das personalidades que mais marcaram a música portuguesa desde a década de 1960, como cantautor, compositor/arranjador e produtor musical, e que nos deixou em 2019. JP Simões conta neste espetáculo com a preciosa ajuda dos músicos Nuno Ferreira e Marco Santos. Com interpretação para LGP.
Dia 6
10h30 – Visita guiada
“1973, Braga na pré-democracia”
Ponto de encontro: Estátua do Marechal Gomes da Costa (Praça Conde de Agrolongo).
Visita evocativa pela cidade de Braga no ano de 1973, em vésperas da revolução de 25 de abril de 1974, durante a qual percorreremos lugares representativos da intervenção do Estado Novo na cidade de Braga, nomeadamente o Estádio 1.o de Maio, a finalização do projeto da avenida da Liberdade, ou a abertura da Rodovia e o Hotel Turismo, mas também alguns espaços emblemáticos da oposição democrática. O percurso terá início junto da estátua do Marechal Gomes da Costa e no espaço urbano de onde partiu o movimento militar do 28 de maio, no qual decorriam também as grandes comemorações do regime. Visita conduzida por Rui Ferreira. Inscrições: participa.politica@gmail.com. Com interpretação para LGP mediante solicitação prévia
10h30
Oficina de Dança Criativa
1º andar – sala 4. Dançar, cruzando os territórios da dança contemporânea, do movimento e da improvisação livre. A guiar esta incursão pelo que transportamos de mais íntimo está Rubiélson Medeiros, professor de dança e coreógrafo. Aqui, o mote é descobrir como todos podemos dançar, abandonando o plié e a pirueta, com um conjunto de propostas arrojadas. Inscrições: participa.politica@gmail.com. Com interpretação para LGP mediante solicitação prévia
16h
Oficina de Cartazes
1º andar. Num mundo cada vez mais alienado e apegado à tecnologia, o movimento “The Revolution Will Not Happen On Your Screen” procura trazer para a rua as diferentes lutas pelos Direitos Humanos, apelando a uma participação cívica consciente e destruindo a fronteira entre o digital e o físico. Nas ruas, é com gritos de ordem e cartazes que comunicamos mudanças, que exigimos e reivindicamos direitos, que mobilizamos e sensibilizamos para problemas do sistema. Esta oficina de criação de cartazes explora e reflete sobre o que é a democracia e a pós-democracia. Estará a democracia em decadência? Serão possíveis novas revoluções democráticas? Como podemos proteger a democracia? Proposta vencedora do concurso para jovens artistas, ativistas e criadores, lançada em parceria com o Instituto Português do Desporto e Juventude. Inscrições: participa.politica@gmail.com. Com interpretação para LGP mediante solicitação prévia
16h
Circuito artístico no Centro de Juventude
Vários espaços – Ponto de encontro: Receção
A Plataforma do Pandemónio desafia os participantes do Festival Política a conhecerem os resultados das oficinas que decorreram entre quinta e sábado – e não só. Haverá ainda showcases de Joana Carvalhas/The Tiny Musician e Luciana Sousa e um cadavre exquis com Irina Marques. Um percurso por vários espaços do Centro de Juventude, que cruza disciplinas, discursos e a vontade de inquietar consciências. Repete às 17h30. Com interpretação para LGP mediante solicitação prévia através do e-mail participa.politica@gmail.com.
16h30
“Absconded. Young Russians On The Run”, 53’ (Alemanha) — cinema
Auditório. Acompanha as duas primeiras semanas após o ataque da Rússia à Ucrânia. O protagonista principal, Egor Lesnoy, é um ativista ambiental, blogger e influenciador de Irkutsk, na Sibéria. O seu maior amor é o Lago Baikal, onde mergulha livremente sob o gelo no Inverno e retira o lixo do fundo do lago e das margens. Até 24 de fevereiro de 2022, estava cheio de esperança num futuro melhor. Nesse dia, a sua vida mudou completamente.
17h45
Circuito artístico no Centro de Juventude
Vários espaços – Ponto de encontro: Receção
A Plataforma do Pandemónio desafia os participantes do Festival Política a conhecerem os resultados das oficinas que decorreram entre quinta e sábado — e não só. Haverá ainda showcases de Joana Carvalhas/The Tiny Musician e Luciana Sousa e um cadavre exquis com Irina Marques. Um percurso por vários espaços do Centro de Juventude, que cruza disciplinas, discursos e a vontade de inquietar consciências. Repete às 17h30. Com interpretação para LGP mediante solicitação prévia através do e-mail participa.politica@gmail.com.
17h30
Disque.pt — festa
Terraço. A maior produtora de festas LGBT+ e eventos para a comunidade Brasileira imigrante em Braga marca presença no Festival com um DJ Set de Lucas de Freitas e a performance DisquePOP da drag queen Mango Green. É para dançar.
19h30
“Encontro com Natália” — espetáculo
1º andar – Sala convívio . Em “Encontro com Natália”, o Coletivo de Artistas Teatrais Independentes envolve o público num clima de conversa e o convida a acompanhar seu itinerário de descobrimento das múltiplas facetas da escritora, poetisa e ativista portuguesa Natália Correia. Essa afetuosa celebração aos 100 anos de nascimento da artista, conhecida também por sua marcante atuação política, compõe-se de entrevistas, poemas, vídeos, excertos de obras e algumas notas biográficas. Com interpretação para LGP.
Guião e encenação: Vivaldo Franco; seleção de vídeos e banda sonora: Marcellus Machado; luz e som: Marcellus Machado e João Lisboa; registo fotográfico: @fg.arquicena; produção: CATI; elenco: Cláudio Paula, Elaine Vianna, Líria Varne, Manoel Candeias, Marcia Targino, Reynaldo Lisboa, Vivaldo Franco.
21h30 – Humor
“Prémios Monstros do Ano. Edição quase quase política”, com Fernando Alvim
Auditório. Os míticos prémios Monstros do Ano ocupam o Festival Política para uma noite de homenagem aos portugueses que têm uma palavra a dizer sobre o país e o mundo. Os protagonistas, as frases e situações mais marcantes numa sessão da inteira responsabilidade do apresentador, animador de rádio e agitador cultural Fernando Alvim. Um Portugal que não pára de nos surpreender. Com interpretação para LGP.
Exposições
“AI: A Nova Era do Conhecimento”, de Luís Francisco Borges
De que forma poderão os sistemas de inteligência artificial impactar o julgamento crítico das sociedades? São ou não são, estes sistemas, um atalho ou substituição àquilo que devem ser momentos de pesquisa e reflexão? De que forma podem estes sistemas moldar e/ou enviesar as opiniões das sociedades? Estas são algumas das questões a que a obra “AI: A Nova Era do Conhecimento” se propõe. Proposta vencedora do concurso para jovens artistas, ativistas e criadores, lançada em parceria com o Instituto Português do Desporto e Juventude.
“Institucionalizado”, de Isabela Marques e Airton Cesar Monteiro
Curadoria: Kriativu
As instituições totais são lugares onde um número considerável de indivíduos na mesma condição leva uma vida conjunta, isolado da sociedade. No caso das prisões, esse isolamento tem a função de proteger a comunidade exterior desses indivíduos. A esse processo de aplicação opressiva de controlo social e às suas consequências chama-se institucionalização. O Paulinho e o Mequinhas, protagonistas desta exposição, foram institucionalizados durante 25 e 37 anos, respetivamente. De forma descontinuada, passaram décadas das suas vidas em diversas instituições prisionais desde a menoridade. Esse processo ter-se repetido múltiplas vezes diz-nos sobre a sua ineficiência. Ou melhor, sobre a sua limitação – assegura apenas a captura de corpos e temporariamente. A institucionalização esvazia, enumera e redistribui os indivíduos para a sociedade sem mudar as condições que os levaram à cárcere em primeiro lugar ou que os mantém como potenciais reincidentes. Quanto aos modelos desta exposição, é a precariedade aliada à sua condição de saúde: toxicodependência. Apesar da brutalização da passagem pela instituição total que é a prisão, lutam para se humanizarem.
“Revelação”
Curadoria: Coolabora
Todas as crianças e jovens têm sonhos. Mas às crianças e jovens ciganos não se lhes reconhece tão facilmente a capacidade de sonhar, de projetar um futuro. Esta exposição de fotografia pretende revelar esses sonhos escondidos pelo preconceito e pela falta de oportunidades. Uma iniciativa da CooLabora, cooperativa de intervenção social da Covilhã, que pretende catalisar diálogos e reflexões sobre os seus direitos, necessidades e recursos individuais e coletivos, sonhos, desejos, expressando assim os desafios e problemáticas que vivenciam nos seus quotidianos. São fotografias que revelam rostos, mas que dão, acima de tudo, voz a uma comunidade que pelo ciclo de exclusão onde se encontra encerrada, é conhecida apenas através da voz e do olhar de outros. E esses outros somos nós.
“Direitos Humanos pelo Olhar dos Jovens de Hoje”
Curadoria: Plataforma do Pandemónio
Resultado de uma Oficina de Artes Visuais (fotografia e ilustração) que a Plataforma do Pandemónio desenvolveu com um grupo dos 13 aos 18 anos no âmbito do projeto Humanizarte, promovido pela OIKOS e financiado pelo programa Partis.
Acessibilidades:
Todas as atividades têm interpretação para língua gestual portuguesa e todos os filmes estão legendados em português. As exposições de fotografia contam com descrição áudio realizada pelos autores/curadores, disponível no Centro de Juventude de Braga e brevemente no site do Festival Política. O Festival Política sensibiliza todos os artistas e participantes a introduzirem as suas apresentações com uma descrição física, do espaço e das suas ações.
Mediante marcação através do email acessibilidades.politica@gmail.com poderá ser organizada uma visita de reconhecimento prévio e aproximação tátil aos espaços de apresentação assim como um encontro com os artistas e participantes. Para garantirmos um melhor acolhimento no Centro de Juventude de Braga, pedimos a todas as pessoas com necessidades específicas que se inscrevam previamente.
Conceito Festival Política: Associação Isonomia
Apoios: Câmara Municipal de Braga, InvestBraga, Centro de Juventude de Braga, Instituto Português do Desporto e Juventude
Produção: Produtores Associados