O footwork tem a velocidade inscrita na sua matriz definidora. Jana Rush, peão fundamental da construção ativa do género em Chicago, produzindo e sendo DJ, sabe exemplarmente disso — até porque diz que aprendeu as artes do ofício aos 10 anos! — e mesmo nos momentos de rutura e desaceleramento compreende que a velocidade é tudo, inescapável como a gravidade, fazendo justiça poética ao seu apelido. Embora tenha causado um esgar de sobressalto quando anunciou que “Painful Enlightment” não seria um disco de footwork, o seu álbum de 2021 em nenhum momento consegue deixar de mostrar a sua linhagem e herança, revelando, contudo, novas possibilidades: muito jazz, farrapos perdidos de hip hop, memórias soltas de house, algum sexo, gritos e palavras de ordem como se de uma batalha se tratasse. Neste caso, foi a dela, contra a depressão, de onde saiu vitoriosa. Refreada a velocidade em disco, não esperem que ao vivo Jana Rush nos dê tréguas.