Amigos Imaginários é um filme-performance no qual o público é convidado a assistir à projeção de um filme, em fase de montagem, que é sonorizado ao vivo num estúdio de foley*. Uma especulação sobre o que poderá ser o cinema, tirando partido de um dos artifícios mais utilizados para a construção da ilusão da verdade.
O filme propõe desiludir o espectador, impedindo que este se esqueça da irrealidade e dos truques da magia do cinema, ao fazer crer que tudo é verdade. Um realizador diletante e três performers não-profissionais do foley fazem do filme uma partitura. Enquanto o gesto dos performers procura de forma literal e obsessiva os ruídos que mexem com as coisas e com os seres do filme, o que vemos é o desmantelar da ilusão, pondo a nu os mecanismos da mentira.
O realizador aproveita-se da oportunidade para jogar com as possibilidades, fazendo experiências com narrações, que oscilam entre o mundo contado em pequenas e lúdicas histórias e o mundo comentado em desabafos de um montador inquieto. A natureza das imagens e dos sons é construída a partir de uma coleção de anotações, entre o diário e o ficcional, num contraponto entre imagem-filme e imagem-performance. Como num espaço neo-cubista, a verdade é libertada de um automatismo percetivo, abrindo caminho ao acaso e evocando fantasmas – os amigos imaginários.
Classificação etária: M/12
Duração: 40min + conversa final