O Arco da Porta Nova é provavelmente uma das edificações mais icónicas da cidade, não só pelo que representa em termos arquitetónicos e urbanísticos, mas também porque será a este arco que Braga deve a expressão que costumamos ouvir quando alguém deixa uma porta aberta: “És de Braga?“
Um arco ousado
Mandado construir em 1512 pelo Arcebispo D. Diogo de Sousa – responsável também por obras como a Arcada ou a cabeceira da Sé Catedral – o Arco da Porta Nova nunca chegou a ter uma porta. À data da construção, as guerras já não se verificavam com a frequência de séculos anteriores e, como tal, a porta foi considerada redundante. Um conceito inovador para a época.
O Arco da Porta Nova foi também a primeira porta, de um total de 8 existentes na cidade, que não conduzia a nenhum caminho. Naquela época, todas as outras portas levavam a caminhos criados já no tempo dos romanos. O Arco da Porta Nova levava a uma praça com uma fonte, onde podíamos encontrar um mercado de peixe.
A Dúvida no desenho do Arco da Porta Nova
A versão que conhecemos hoje do Arco da Porta Nova foi edificada em 1772 por iniciativa do Arcebispo D. Gaspar de Bragança. Contudo, se não há dúvidas quanto ao responsável pela diligência da construção, o mesmo já não acontece com o desenho do arco, onde a incerteza se levanta.
A pessoa que reúne mais consenso no desenho do Arco é André Soares. Porém, há autores como Eduardo Pires de Oliveira que atribuem a autoria do Arco a Carlos Amarante. A dúvida é alimentada pelo design das duas faces do Arco.
A face virada para o centro da cidade, contém a figura de Nossa Senhora da Nazaré, já presente na primeira versão do Arco da Porta Nova, e apenas uma pilastra de cada lado, numa aproximação da influência barroca, em concordância com toda a obra de André Soares.
A face oposta, virada para o (antigo) exterior da cidade, contém as armas de fé do Arcebispo D. Gastar e, no topo, a estátua alegórica da cidade de Braga. Este desenho, com influência do neoclassicismo, é mais próximo do estilo de Carlos Amarante.
“És de Braga?”
Todos os povos têm características pelas quais são conhecidos. Os irlandeses são expansivos. Os alemães são racionais. Já os bracarenses… Esses deixam a porta aberta.
O efeito secundário do Arco da Porta Nova nunca ter tido uma porta, é o facto de sempre que alguém deixa uma porta aberta, ouve imediatamente a expressão “És de Braga!”. Um elogio portanto!
Contudo, há quem defenda que a verdadeira explicação da expressão popular não esteja directamente relacionada com o Arco da Porta Nova.
Segundo o Pórtico da Língua Portuguesa, outra explicação poderá dever-se a um arcebispo chamado Lourenço que depois de destituído do cargo de Arcebispo, foi a Roma convencer o Papa a restituir-lhe o cargo. Assim, a expressão “és de Braga” seria uma abreviatura da expressão “És de Braga e chamas-te Lourenço” e representaria alguém dotado de um poder argumentativo tal que as portas no seu caminho se abrem naturalmente.
Outras explicações dizem respeito ao espírito comunitário da cidade: para que os vizinhos entrassem sempre que quisessem, os bracarenses deixariam a porta aberta. E há mesmo explicações mais metafísicas, como a que fala de um velho sábio que iria a casa das pessoas e pediria que os habitantes deixassem a porta aberta para que ele pudesse arejar o cérebro e dar melhores conselhos.
Já conhece os nossos souvenirs (notebooks e postais) com ilustrações do Arco da Porta Nova?
Gosto muito de Braga! Saudades!