O Museu dos Biscainhos, integrado no Palácio dos Biscainhos, em tempos uma casa da nobreza com origem no séc. XVII, localiza-se muito perto do Arco da Porta Nova e da Sé de Braga, e merece a recomendação de visita obrigatória da cidade.
O Palácio dos Biscainhos foi construído em 1712 pelo arquiteto e mestre pedreiro Manuel Fernandes da Silva, a mando de Deão Francisco Pereira da Silva, para sua habitação. A residência senhorial foi sendo ampliada pelos seguintes proprietários, como os Condes de Bertiandos, e o edifício chegou a receber o Rei D. Luís I nas suas instalações, o que dá conta da importância que esta família nobre e o palácio gozavam à época.
Em 1963, o 3º Visconde de Paço de Nespereira, último proprietário do edifício e também membro da família de Bertiandos, faleceu e doou à cidade de Braga todo o complexo. Em 1978, o edifício deu lugar ao Museu dos Biscainhos permitindo que todos os visitantes tenham acesso a amplos salões, tetos luxuosos e jardins barrocos, imagens de marca da nobreza setecentista.
Para além disso, como ao longo da visita são feitas variadas referências à vida dos diferentes habitantes como criados, escravos e capelães, também é possível (embora em menor expressão) ter outro ponto de vista dessa época, menos simpático mas igualmente real.
“Viagem” pelo séc. XVII e XIX no Museu dos Biscainhos
O Museu dos Biscainhos disponibiliza um conhecimento holístico e integrado do período compreendido entre o séc. XVII e o primeiro quartel do séc. XIX através da construção, de sala para sala, do ambiente real vivido nessa época.
Para esse ambiente, contribuem as coleções de artes decorativas (mobiliário, ourivesaria, têxteis, metais, vidros portugueses e europeus e cerâmica portuguesa, europeia e chinesa) e a exposição de instrumentos musicais, meios de transporte, gravuras, azulejaria, escultura/talha e pintura portuguesa e europeia.
Por estas razões, o Museu dos Biscainhos não é somente um depósito de objetos decorativos mas, essencialmente, um local onde podemos estimar a vivência luxuosa das famílias nobres.
Acompanhe-nos nessa viagem.
Palácio dos Biscainhos
Esta Casa Barroca está organizada em dois níveis. O primeiro corresponde ao andar térreo, onde se inserem os compartimentos de serventia e de cariz funcional: átrio, cavalariça, cocheira, arrumos, cozinhas, despensas, alcovas para os criados e arrumos diversos. O segundo nível diz respeito ao andar nobre referente aos espaços de habitabilidade: salas de aparato e/ou receção, de estar, de dormir, de jantar e de oração.
Piso Térreo/Átrio
A entrada funciona como um espaço intermédio entre o interior e o exterior do Palácio dos Biscainhos.
Destaca-se, de imediato, o seu pavimento em pedra sulcada geometricamente colocada que permitia que as carruagens entrassem na habitação e desembarcassem os passageiros, seguindo de seguida para as cavalariças localizadas próximas do jardim. Para além disso, este piso continha ainda, os compartimentos dos serviçais, a despensa e a cozinha onde, ainda hoje, é conservado o antigo acervo de panelas, tachos e restantes utensílios, em bronze, ferro e cobre.
Andar Nobre
O andar nobre do Palácio é a demonstração perfeita do estilo de vida de uma família da alta sociedade. Para lá chegarmos, encontramos uma escadaria luxuosa e decorada por um conjunto de azulejos figurativos, que serve de anúncio à sequência de salas amplas e aparatosas:
- Sala de entrada ou lanternim – Apresenta uma clarabóia central ladeada por um trabalho de estuques e pintura a têmpera nos seus medalhões clássicos. O objetivo deste espaço era que os convidados aguardassem, confortavelmente, pelos senhores da residência;
- Salão nobre – Zona central palaciana e reflexo da condição social e económica da família. Presume-se que aqui terão acontecido importantes receções e eventos. Considerado o espaço mais sublime do edifício, é decorado por revestimento de azulejos barrocos com cenas galantes, referentes ao primeiro quarto do século XVIII. Para além disso, o teto de carvalho é coberto por uma pintura a óleo, de 1724, alusiva ao centenário da morte de Beato Miguel de Carvalho, um antepassado religioso da família proprietária da altura e martirizado no séc. XVII pelos japoneses.
- “Sala do teto pintado” – É vísivel a alteração do papel da mulher a partir do final do séc. XVIII, através da transformação dos interiores: ambientes menos hierárquicos e mais cómodos. Quanto ao recheio, o espaço é decorado com mobiliário português, porcelanas de origem oriental e um relógio de parede com pintura de charão. Os visitantes são, ainda, presenteados com um teto ornamental, em estuque com uma pintura mitológica de Júpiter em Concílio de deuses.
- Sala da música – Com janelas para o jardim, tem dois pianos e algumas mesas para jogos lúdicos. É decorada com mobiliário português, porcelana chinesa e da Companhia das Índias. Este espaço retrata o tempo dedicado ao convívio, ao som da música e do compasso da dança e à poesia e ao jogo, como o gamão.
- Sala de jantar – Destaca-se pelas suas pinturas variadas e rodapés de azulejo amarelo. Possui porcelanas orientais, um faqueiro e outras peças de prata e vidro, expostas nas diversas mesas. O aparador que complementa a beleza deste espaço. Como particularidade, durante a visita, é neste espaço que se explica a origem da expressão “pôr a mesa”.
Além destes espaços interiores, durante a visita ao Museu dos Biscainhos, é possível, ainda, visitar os quartos masculino e feminino e a sala do séc. XIX (em que é feita uma breve referência a um período mais tardio). A cozinha também é parte do itinerário museológico, encontrando-se no andar de baixo do palácio.
Os Jardins
No exterior situa-se o famoso jardim. Embora não tenha tanta notoriedade como o Jardim de Santa Bárbara, é um jardim de igual sumptuosidade: cerca de 1 hectare que funciona como uma espécie de refúgio no centro da cidade.
À semelhança do edifício, o jardim é de um característico estilo barroco e as suas fontes e esculturas brindam os que lá passeiam. O espaço está dividido em três patamares, destacando o Jardim Formal, o Pomar e a Horta, e apresentando a poente, muralhas com guaritas.
Além disso, enquadra elementos arquitetónicos e escultóricos talhados em granito, como as esculturas setecentistas e as fontes com belas formas humanas, animais, vegetalistas e mitológicas. Recorta-se em labirínticos canteiros de buxo.
Sensivelmente a meio do jardim dos Biscainhos encontra-se a matriarca do espaço: uma Tulipeira da Virgínia com mais de 250 anos, a maior e mais antiga desta espécie em Portugal. As suas flores concedem-lhe uma cor de fogo, que merece o vislumbre de qualquer um.
Mitos e Estórias: são muitas as narrativas e lendas antigas envolvendo o Tulipeiro. Diz-se que o seu exotismo terá despertado paixões e os seus frondosos ramos terão testemunhado juras de amor eterno. Esta é, por isso, a árvore de afetos e segredos, tornando o jardim no espaço perfeito para um passeio romântico ou para relaxar e descontrair do stress da cidade. O melhor de tudo é que é possível fazê-lo de forma gratuita. Para isso, é apenas necessário informar na receção do espaço o desejo de visitar o jardim.
Visitar o Museu dos Biscainhos
A aquisição do bilhete permite uma única visita, acompanhada por um vigilante, ao circuito museológico definido.
Ao longo de toda a exposição permanente está disponível um roteiro em português e em inglês, para leitura nos espaços. O objetivo é que possa desfrutar ao máximo desta visita e que consiga viajar pelo quotidiano de uma família nobre setecentista no seu palácio.
O Palácio dos Biscainhos é uma das mais importantes casas senhoriais bracarenses e, por essa razão, não deixe de o conhecer. No primeiro domingo de cada mês a visita ao Museu é gratuita. O convite está feito!
Informações úteis
MUSEU DOS BISCAÍNHOS
Rua dos Biscaínhos
4700-415 Braga
+351 253 204 650
mbiscainhos@culturanorte.pt
http://museus.bragadigital.pt/Biscainhos/
Terça a domingo 09H30-12H45 / 14H00-17H30
Encerrado: 1 Janeiro, Domingo de Páscoa, 1 Maio e 25 Dezembro
Bilhete Normal: 2 €
Com mais de 65 anos/ Portadora deficiência/Jovens (15- 25 anos)/Reformados: 1 €
Gostei muito do Palácio. Tive o azar de ser «vigiada» e não guiada por uma funcionária que se recusava e responder às perguntas que lhe fiz, porque segundo ela, tinha de ler o que estava escrito na entrada de cada sala. Muito antipática tive a sensação que estava a fazer um grande frete e que os visitantes eram mesmo uma grande «chatice» que acompanhava com um ar terrívelmente cínico. Dia 9 de Agosto de 2016 pelas 15h 15m